Jane Russell (1921–2011)Um dos simbolos de Hollywood "O Busto"

Morreu a atriz Jane Russell, mito do cinema americano. Ela tinha 89  anos de idade e feleceu na segunda (28/2) em sua casa, em Santa Marina,  Califórnia, devido a problemas respiratórios.
Jane Russell foi um dos maiores símbolos sexuais de Hollywood. Seus  seios provocantes invadiram os sonhos de gerações ao se destacarem no  pôster do western “O Proscrito” (1943), desfiando a censura americana, a  moral antiquada e os costumes medievais. 

Não a chamavam de escultural à toa. Numa era muito anterior ao  silicone, seu corpo tinha curvas que só se tornariam comuns após a  popularização da cirurgia plástica. Tudo, claro, graças à engenharia do  gênio Howard Hughes. 
O lendário diretor, produtor, engenheiro, pioneiro da aeronáutica e  gênio transtornado descobriu Jane Russell atrás de um balcão, quando ela  trabalhava como recepcionista no consultório de um dentista.  Imediatamente encantou-se com suas formas arrojadas e, impulsivo,  resolveu transformá-la em estrela de cinema. Mas enquanto filmava sua  estreia, em 1941, sentiu que a câmera não lhe fazia justiça. 
Hughes empregou então sua habilidade em engenharia para criar o  protótipo de um novo sutiã, com uma armação que enfatizava ainda mais os  atributos da atriz. 
O protótipo trazia arames na parte de baixo, empinando os seios, e  ficava fixo mesmo se as alças fossem retiradas dos ombros. É basicamente  o design que sobrevive até hoje nas sessões de roupas íntimas  femininas. E Jane Russell foi a primeira a usá-lo.

A engenharia do “Aviador” permitiu aos seios da atriz levantarem vôo.  Empinados como nenhum outro de sua época, eles também se tornaram os  mais vistos. Hughes os estampou no pôster de “O Proscrito”, western em  que o fora-da-lei Billy the Kid acabou virando coadjuvante. 
Com a camisa aberta, quase revelando toda a obra estrutural do  diretor, o pôster levou os censores a exigirem cortes nas cenas  indecentes. Hughes só se dispôs a cortar 30 segundos e continuou  enfrentando restrições. 

O filme ficou aguardando aprovação por dois anos, até o diretor  resolver transformar o banimento em propaganda. Desafiou a censura e o  lançou por conta própria em 1943. Ficou em cartaz só uma semana, sendo  retirado por ordem da associação dos produtores. 
Hughes nunca mais dirigiu outro filme, mas nunca desistiu de “O  Proscrito”. Em 1946, finalmente superou a resistência da Associação dos  Produtores e pôde lançá-lo aos cinemas. Cinco anos após sua filmagem,  ele pôde estrear e se tornar um dos maiores sucessos de bilheteria dos  EUA. Esta história é rapidamente evocada no filme “O Aviador” (2004), de  Martin Scorsese. 
Sob produção e proteção de Hughes, Jane estrelou vários filmes e se  encaixou como uma luva em papéis de mulher fatal, como “Seu Tipo de  Mulher” (1951) e “Macau” (1952), ambos ao lado do ator Robert Mitchum.  Durante a filmagem do último, testemunhou o lendário diretor alemão  Josef von Sternberg ser demitido por Hughes em pleno set, e ser  substituido por outra lenda do cinema, Nicholas Ray. Eram os primeiros  sinais de que o produtor não conseguia mais controlar sua compulsão  obsessiva. 
Ela fez apenas mais um filme para Hughes e não renovou o seu  contrato. O filme em questão, “Um Romance em Paris” (1953), trazia as  marcas da obsessão de Hughes pelo corpo da atriz. Filmado em 3D, incluia  trajes mínimos, desenhados pelo próprio produtor, com o objetivo de  delinear ainda mais suas curvas e revelar detalhes que normalmente são  escondidos pelas roupas. A chamada do pôster era “J.R. in 3D!” O grupo  católico Legião da Decência condenou a produção, que gerou mais um  escândalo.  

Dez anos depois de provocar com “O Proscrito”, os atributos de Jane  continuavam a ser literalmente os maiores símbolos da sexualidade  cinematográfica. E sua escalação, ao lado de Marilyn Monroe, em “Os  Homens Preferem as Loiras” (1953) não poderia ter tido um resultado  diferente: um marco hollywoodiano. 
Jane viveu a morena, que disputava com a melhor amiga Marilyn a  atenção dos homens numa boate. As duas eram showgirls, o que era  escandaloso na época, mas cada uma encontrava, no desfecho da famosa  comédia musical, seu final feliz conservador, com direito a casamento  duplo. 

“Os Homens Preferem as Loiras” acabou virando o primeiro grande sucesso comercial de Marilyn Monroe, marcando-a como intérprete de loiras fúteis e não exatamente brilhantes. Jane Russell, por outro lado, fixou no imaginário popular que as morenas tinham muito mais conteúdo. Ela até estrelou a sequência, “Eles se Casam com as Morenas” (1955).
Nos anos seguintes, ela se dedicou à música, sua maior paixão. Em 1957, ganhou lugar cativo em Las Vegas, apresentando um espetáculo musical no Hotel Sands. Dizem que Howard Hughes comprou o hotel, nos anos 60, por causa da atriz.
Ela só estrelou mais cinco filmes após retornar à Hollywood em 1964. O  último foi “A Morte Não Marca Hora”, em 1970. Seus trabalhos finais  foram nas séries dos anos 80 “Yellow Rose” e “Hunter”, e uma campanha de  TV como garota propaganda de uma famosa marca de sutiã. 
Foi casada três vezes. Por causa de abortos na juventude, era incapaz  de ter filhos, mas adotou três crianças. Em 1955, ela fundou a World  Adoption International Fund (WAIF), uma organização para ajudar famílias  americanas a adotar crianças de países pobres. Ela tocou o mundo e suas  mãos e assinatura estão gravados para sempre no Hollywood Boulevard, ao  lado das mãos e assinatura da amiga Marilyn Monroe. 
  



 
 









































