Marlon Brando Jr. (Omaha, 3 de abril de 1924 — Los Angeles, 1 de julho de 2004) foi um ator estadunidense, considerado um dos maiores atores de língua inglesa de todos os tempos, adepto do estilo realista de interpretação conhecido como Método Stanislavski.
Biografia Tributo a Marlom Brando o grande astro de Hollywood
Marlon Brando era filho de Marlon Brando Sr.(1895–1965) e Dorothy Pennebaker Brando. Os seus pais se separaram quando tinha apenas 11 anos de idade - em 1935. A sua mãe levou os filhos (Marlon, Jocelyn (1919–2005) e Frances Brando (nascida em 1922)) para viver com a avó em Santa Ana, Califórnia, até 1937, quando decidiu reconciliar com o marido e viver com ele e com os rebentos numa vila chamada Libertyville, Illinois.
Dorothy era uma mulher talentosa, embora fosse viciada em bebidas alcoólicas e mãe ausente. Ela se envolveu com o teatro local, ajudou o jovem Henry Fonda a começar a carreira de ator e incutiu em Brando o interesse pela mesma. Sua irmã mais velha, Jocelyn, também foi atriz.
Brando teve uma infância tumultuada. Foi expulso da escola Libertyville High School e, aos 16 anos de idade, mandado para a academia militar Shattuck, em Fairbault, Minnesota. Lá, se sobressaiu nas aulas de teatro. Mas por tentar escapar do confinamento da escola, sofreu, mais uma vez, expulsão. Aceito de volta um ano mais tarde, decidiu não dar prosseguimento aos estudos.
Brando foi para Nova York atrás de suas irmãs. Uma tentava ser pintora enquanto a outra estava na Broadway. Em Nova York, Brando estudou em várias escolas de teatro com destaque para o tempo em que estudou com Stella Adler no seu estúdio que hoje ainda funciona como escola, a Stella Adler Actors Studio. Foi com Stella, a única professora nos EUA que realmente teve contato com Stanislavski que Brando definiu sua técnica.
Em 1976, Brando declarou que já teve experiências homossexuais com vários homens, e que não ligava para o que as pessoas pensavam.[1]
Carreira
Brando começou a chamar atenção atuando na peça de Tennessee Williams, Um Bonde Chamado Desejo. A peça foi filmada, mas acabou tendo seu lançamento atrasado, o que levou que figurasse como seu primeiro trabalho em cinema o filme, de 1950, Espíritos Indômitos . Esta produção contava a história de um veterano da Segunda Guerra Mundial ferido em combate angustiado por estar preso a uma cadeira de rodas.
Em Um Bonde Chamado Desejo - cujo filme recebeu no Brasil o nome de Uma Rua Chamada Pecado - dirigido por Elia Kazan e com a presença da atriz Vivien Leigh no papel de Blanche DuBois, Brando fazia o papel de Stanley Kowalski, um desocupado e explorador da esposa. Tornou-se um símbolo sexual ao aparecer em fotos como o personagem, sempre de camiseta que lhe realçava seus músculos. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles premiou o filme nas categorias de melhor atriz, Vivien Leigh, melhor ator coajuvante, Karl Malden e melhor atriz coadjuvante para Kim Hunter. Brando também foi indicado ao Oscar, mas mesmo sendo o franco favorito , não ganhou. Brando seria indicado mais três vezes em cada ano posterior em "Viva Zapata!" em 1952, Júlio César , 1953, no papel de Marco Antônio, e Sindicato de Ladrões em 1954.
No ano de 1953, Brando se tornaria um ídolo dos jovens da época ao interpretar Johnny Stabler em O Selvagem. No filme ele era um delinquente, líder de uma gangue de motoqueiros, vestido de jaqueta de couro e dirigindo uma motocicleta 1950 Triumph Thunderbird 6T. O filme marcaria toda uma geração de artistas, desde James Dean a Elvis Presley, os quais adoravam o estilo rebelde mostrado no filme.
Ganharia o primeiro oscar com o filme Sindicato de Ladrões/Há Lodo no Cais, dirigido por Elia Kazan. Nos anos 1960 faria alguns filmes polêmicos, como Caçada Humana, no qual é a vítima em uma longa cena de espancamento. E Queimada!, seu personagem favorito, usado para mostrar uma visão histórica do que teria sido a política de colonização européia na América, com os portugueses e espanhóis agindo com violência e ganância, enquanto os ingleses buscavam tomar para si as colônias, atuando nos bastidores com mentiras e falso apoio aos nativos colonizados. Brando se mostra um grande ativista nos anos 1960, tendo participado de manifestações públicas em favor do Direitos Civis e dos Direitos dos Indígenas, campanha que o levou a recusar um oscar no início da década seguinte.
Mas seu estilo como ator alcançaria o auge do sucesso e da fama nos anos 1970, com O Poderoso Chefão/O Padrinho e Último Tango em Paris, entre outros, tendo sido indicado para mais dois oscars pela Academia de Hollywood. Venceu pela sua interpretação de Don Vito Corleone, que rendeu ao personagem o título de "maior vilão da história do cinema".
Quando venceu em 1973 o óscar pelo fime O Padrinho/O Poderoso Chefão, Marlon Brando enviou uma índia (que mais tarde se descobriu ser uma atriz) fazer um discurso em seu nome, protestando contra a forma como os EUA e Hollywood discriminavam os nativos americanos.
Nos anos 1980 interrompe sua carreira e se retira para a ilha de Tetiaroa, na Polinésia Francesa, da qual era o dono desde 1966. Ganha peso e é fotografado várias vezes usando um largo sarongue polinésio. Com problemas financeiros, retomou sua carreira cinematográfica em 1989. Chegou a fazer uma paródia de si mesmo no filme de 1990 Um Novato na Máfia, no qual praticamente repetiu a caracterização de Don Vito Corleone. Passa a ter sérios problemas pessoais, com o julgamento do filho Christian por assassinato do namorado da irmã Cheyenne e que, deprimida, se suicidou poucos anos depois (1995).
Dirigiu apenas um filme: o western A Face Oculta (1961), substituindo o diretor Stanley Kubrick no início das filmagens. Obteve alguns elogios da crítica, demonstrando estilo lento e inovador no gênero: filmou o mar, cenário incomum dos western. Também no duelo final com seu amigo na vida real Karl Malden, usa ângulos e coreografia fora do normal. No western que fez com Jack Nicholson, ( Duelo de Gigantes, 1976), ele faz um pistoleiro bem estranho, dando continuidade à sua visão e a do diretor Arthur Penn, inovadora mas com tendências acentuadas para parodiar o gênero.
Filmografia
- 1950 - Espíritos indômitos (The Men)
- 1951 - Uma Rua Chamada Pecado (A streetcar named desire)
- 1952 - Viva Zapata! (Viva Zapata!)
- 1953 - Júlio César (JuliusCaesar)
- 1954 - Desirée, o amor de Napoleão (Desirée)
- 1954 - Sindicato de Ladrões (On the Waterfront)
- 1954 - O Selvagem (The Wild One)
- 1955 - Eles e elas (Guys and dolls)
- 1956 - Casa de chá do luar de agosto (Teahouse of the August Moon, The)
- 1957 - Sayonara (Sayonara)
- 1958 - Os deuses vencidos (Young lions, The)
- 1959 - Vidas em fuga (The Fugitive Kind)
- 1961 - A face oculta (One-eyed jacks)
- 1962 - O grande motim (Munity on the bounty)
- 1962 - The Ugly American
- 1964 - Dois farristas irresistíveis (Bedtime story)
- 1965 - Morituri (Morituri)
- 1966 - Meet Marlon Brando
- 1966 - Caçada humana (Chase, The)
- 1966 - Sangue em Sonora (Appaloosa, The)
- 1967 - A condessa de Hong Kong (A countess from Hong Kong)
- 1967 - O pecado de todos nós (Reflections in a golden eye)
- 1968 - Candy (Candy)
- 1968 - A noite do dia seguinte (Night of the following day, The)
- 1969 - Queimada! (Quemada!)
- 1972 - Último tango em Paris (Last tango in Paris)
- 1972 - O Poderoso Chefão (Brasil) ou O Padrinho (Portugal)(Godfather, The)
- 1972 - Os que chegam com a noite (Nightcomers, The)
- 1976 - Duelo de gigantes (Missouri breaks, The)
- 1978 - Superman - O filme (Superman)
- 1979 - Apocalypse Now (Apocalypse Now)
- 1979 - Raoni (Raoni: The Fight for the Amazon)
- 1980 - A fórmula (Formula, The)
- 1989 - Assassinato sob custódia (A dry white season)
- 1990 - Um novato na máfia (The Freshman)
- 1992 - Cristóvão Colombo - A aventura do descobrimento (Christopher Columbus: The Discovery)
- 1995 - Don Juan de Marco (Don Juan de Marco)
- 1996 - A ilha do Dr. Moreau (Island of Dr. Moreau, The)
- 1997 - O bravo (The Brave)
- 1998 - Loucos por dinheiro (Free Money)
- 2001 - A cartada final (Score, The)
- 2001 - You Rock My World (Videoclipe de Michael Jackson)
- 2006 - Superman - O Retorno (Superman Returns) (foram usados sons e imagens de arquivo digitalmente modificados)
Premiações
7 indicações e 2 premiações do Óscar da Academia para Melhor Ator (principal), nos seguintes filmes:
- Uma Rua Chamada Pecado(1952)
- Viva Zapata!(1953)
- Julius Caesar (1954)
- Sindicato de Ladrões (1955) - Venceu
- Sayonara (1956)
- O Poderoso Chefão (1973) - Venceu
- Último Tango em Paris (1974)
Uma indicação ao Óscar de Melhor Ator (coadjuvante/secundário):
- Assassinato Sob Custódia" (1990).
3 vitórias de 4 indicações ao Golden Globe Award para Melhor Ator (filme dramático), nos seguintes filmes:
- 1955:On the Waterfront - Venceu
- 1958: Sayonara
- 1964: The Ugly American
- 1973:The Godfather - Venceu
Recebeu uma indicação ao Golden Globe Award para Melhor Ator (comédia ou musical) em cinema, por "Casa de Chá do Luar de Agosto" (1956).
Recebeu uma indicação ao Golden Globe Award para Melhor Ator (coadjuvante/secundário) em cinema, por "Assassinato Sob Custódia" (1989).
3 vitórias de 6 indicações ao BAFTA de Melhor Ator Estrangeiro, no seguintes filmes:
- 1953: Viva Zapata! - Venceu
- 1954: Julius Caesar - Venceu
- 1955: On the Waterfront - Venceu
- 1973: The Nightcomers
- 1973: The Godfather
- 1974: Last Tango In Paris
Recebeu uma indicação ao BAFTA de Melhor Ator (coadjuvante/secundário), por "Assassinato Sob Custódia" (1989).
Ganhou o prémio de Melhor Ator, no Festival de Cannes, por "Viva Zapata!" (1952).